O dia do Químico é comemorado no dia 18 de Junho, dia este em que o então presidente Juscelino Kubitschek, no ano de 1956, regulamentou o exercício profissional do químico e criou também o Conselho Federal de Química (CFQ) e os Conselhos Regionais de Química (CRQ).
Esta profissão tem rastro nos primórdios da civilização, pois há 10 mil anos, quando a Idade da Pedra dava passagem à Idade do Bronze e depois a Idade do Ferro, as pessoas não se davam conta de que o que estavam fazendo era química, pois transformavam pedras, os hoje conhecidos minerais, em metais. Com isso, a arte, a agricultura e os armamentos ficaram mais sofisticados.
Nesse contexto, é mister falar também sobre a alquimia que se manteve em evidência entre os anos 300 a.C. e 1500 d.C. A alquimia é uma precursora da Química Moderna, que tinha como premissa encontrar o elixir da longa vida, remédio contra todos os males físicos, morais, espirituais e a pedra filosofal, que deveria transformar os metais em ouro; lógico, isso nunca aconteceu.
Com o surgimento, em 1760, na Inglaterra, da máquina à vapor na indústria têxtil, a produção deixou de ser artesanal e passou a ser manufaturada em larga escala, dando início à Primeira Revolução Industrial.
Seguido de um arrojado desenvolvimento tecnológico, evidencia-se o trabalho do químico sueco Alfred Bernhard Nobel (1833-1896), século XIX, que ficou milionário com a invenção da dinamite e pediu em testamento que a renda de sua fortuna fosse usada para premiar àquelas pessoas que desenvolvessem trabalhos, ações e pesquisas em benefício da humanidade. Assim foi criado o conhecido Prêmio Nobel.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a eletrônica aparece como verdadeira modernização da indústria, que ficou conhecida como Revolução Técnico-Científica-Informacional ou Segunda Revolução Industrial. Isto levou ao desenvolvimento do aço e acelerou o profundo impacto da química sobre a sociedade.
A alta tecnologia, a partir de 1950, promoveu mudanças na sociedade, com proeminência para robótica, genética, informática, telecomunicações e eletrônica. A química foi marcada nessa época pela forte presença na metalurgia, siderurgia e indústria de automóveis, dando inicio à Terceira Revolução Industrial.
Por meio da química fina, o químico transformou a velha agricultura em nova forma de produção, aperfeiçoando os defensivos agrícolas e fertilizantes. Também purificou o silício para computadores, criou a fibra óptica, produziu combustíveis renováveis, fundiu ligas leves para avião e estendeu a expectativa de vida do homem por meio dos medicamentos. Também se inseriu profundamente na Química Forense, possibilitando a identificação de qualquer produto químico em locais da cena do crime, proporcionando uma robusta ferramenta para a tomada de decisão dos juízes. Importante destacar que esse rápido crescimento tecnológico estressou a Terra, danificando toda a nossa herança.
Agora no alvorecer do século XXI, com uma nova forma de pensar, tem-se aumentada a preocupação com a preservação de nosso extraordinário planeta. Dessa forma, o químico busca a substituição de produtos químicos perigosos, redução de consumo de energia, redução materiais descartáveis, redução da toxicidade de produtos, redução do uso de fontes não renováveis e redução do uso de matéria-prima. Assim o homem deixa de ser “parasita” da natureza para ser “sócio” dela.
A química é muito mais que tubos de ensaios e béqueres. A ideia de que estes profissionais estão envolvidos apenas com a fabricação de “produtos químicos”, também é falsa. Procedimentos como análises da qualidade de matérias-primas e produtos acabados, tratamento de água industrial e potável, tratamento de efluentes, fermentação, reciclagem de rejeitos e prospecção de novos produtos são funções do químico.
No momento atual, o destaque é para a indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, que engloba tecnologia para automação, troca de dados, conceitos de sistemas ciber–físicos e computação em nuvem.
Dito tudo isso, ressalta-se que essa ligação da química com o futuro já chegou. As áreas dos segmentos automotivos, alimentos, bebidas, máquinas, ferramentas, petróleo, gás, têxtil, vestuário, petroquímica, tecnologia da informação, comunicação e construção civil, necessitarão dos fundamentos da boa química para adaptar-se à tecnologia digital devido à necessidade de a produção industrial ganhar competitividade.
Com isso, esses profissionais da Química do futuro, terão um processo contínuo de aprendizagem ao longo da carreira. Dessa forma, todos irão precisar da requalificação permanentemente, para adquirir novas competências.
Noé Rafael da Silva
Engenheiro Químico e conselheiro suplente do CRQ-XVI