Com apoio da Fundação Uniselva, a Rede MT NanoAgro é a única participante mato-grossense na Nano Trade Show – considerado o mais importante evento de nanotecnologia do país – que está sendo realizada esta semana, entre os dias 24 e 26, dentro da 15ª Feira Internacional de Tecnologia para Laboratórios, Análises, Biotecnologia e Controle de Qualidade (Analitica Latin America 2019), no São Paulo Expo Center, em São Paulo, SP.
No estande montado no centro de eventos da capital paulista a Rede está divulgando pesquisas desenvolvidas com foco no potencial da nanotecnologia em proporcionar soluções inovadoras para atender demandas específicas do agronegócio, considerando-se questões estratégicas relacionadas ao aumento de produtividade e sustentabilidade.
Para além dos produtos expostos, os oito pesquisadores presentes no evento preocuparam-se em levar o conceito de aproveitamento total da biomassa – toda matéria orgânica, de origem vegetal ou animal, obtida através da decomposição de uma variedade de recursos renováveis, como plantas, madeira, resíduos agrícolas, restos de alimentos, excrementos e até do lixo.
De acordo com o coordenador da Rede, Ailton José Terezo, professor e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foi privilegiada a introdução e utilização de materais nanoestruturados com origem no carbono, “parte da natureza e constituinte básico da vida, em termos químicos”, pontua, tendo em vista dois benefícios: primeiro, a fonte de matéria-prima é inesgotável e, segundo, mitigação total de riscos associados a eventual toxidez da nanotecnologia, ao contrário de nanomateriais a base de elementos químicos como prata, titânio, zinco.
“Vamos usar como exemplo a cultura do algodão, que acabou de ser colhida em Mato Grosso. Durante o processo de crescimento dessa planta, quando a natureza trabalha assistida pela utilização de vários insumos, como fertilizantes e pesticidas, ela vai crescendo em torno de cadeia carbônica e, no final, se aproveita a fibra, que tem aplicação na indústria têxtil, mas sobra uma grande quantidade de biomassa. Como pegar essa biomassa e reintroduzi-la no processo, fixar esse carbono? Uma das estratégias é pegar a biomassa e retransformá-la para escala nanoestruturada”, exemplifica Terezo.
Outros materiais nanoestruturados possuem grande potencial para utilização na agropecuária como nanofertilizantes, nanoherbicidas, nanopesticidas, medicamentos veterinários de liberação controlada, nanosensores dentre outras tecnologias inovadoras.
A nanotecnologia destaca-se por ser uma das alternativas mais recentes para evitar o uso excessivo de produtos químicos para correção e manutenção da fertilidade do solo, bem como de agrotóxicos e afins para controle de pragas e doenças, que podem provocar a contaminação dos ecossistemas. Confira o folder de apresentação da Rede MT Nano Agro.
Outro produto principal levado para a Nano Trade Show “dada a sua inovação”, ressalta Terezo, é fruto de uma pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Química da UFMT. A dissertação intitulada “Obtenção de Nanomateriais Luminescente de Carbono utilizando o lodo de esgoto doméstico”, defendida por Bruno Leonel Rossi, segundo o coordenador da Rede “gerou a primeira patente genuinamente mato-grossense, exclusiva da UFMT, em processo de tramitação para depósito de patente. Trata-se dos pontos quânticos de carbono e existe a possibilidade de um produto potencial”, celebra.
A Rede
Com o mote “Inovação onde o Agro acontece”, a Rede MT Nano Agro surgiu em 2008 na busca por aproveitar o máximo do potencial do agronegócio mato-grossense, por meio do desenvolvimento e adoção de tecnologias disruptivas, eficientes e sustentáveis para as práticas agrícolas modernas em larga escala e na agricultura familiar.
Com Terezo, do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas e da Terra (ICET), câmpus Cuiabá, na coordenação, e Fabiano André Petter, docente do Departamento de Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais (ICAA) da UFMT, câmpus Sinop, na vice-coordenação, a Rede é formada por outros professores e pesquisadores da UFMT, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e algumas parcerias internacionais.
“A Rede é uma associação de pesquisadores, principalmente, das instituições públicas de ensino de Mato Grosso. Somos um arranjo interdisciplinar com biólogos, químicos, engenheiros agrônomos, florestais, de alimentos, economistas, físicos, e, em especial, o pessoal da química, porque trata-se de manipulação de matéria e materiais químicos em escala nanoestruturada. Também conta com colaboradores do Canadá e dos Estados Unidos”, elenca Terezo.
Junto com ele, participam do evento em São Paulo Adriano Buzutti, Leonardo de Vasconcelos, Marcos Antônio Soares, Katiuchia Pereira Takeuchi, Solange Bonaldo, Bruno Leonel Rossi e Ana Carolina Siqueira.
Apoios
O convite para participação da Rede MT Nano Agro na Nano Trade Show foi feito pelo presidente da Associação Brasileira de Nanotecnologia (Brasil Nano), Leandro Berti.
Além da Fundação Uniselva, apoiam a Rede o Grupo Masutti, com sede em Rondônia, a Agrex do Brasil, de Goiás, a Aegea Saneamento e Participações, a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) e o Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci-MT), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemat) e do Parque Tecnológico de Mato Grosso.
“O mais importante dessa participação, nesse momento de crise e recursos escassos, é mostrar que, ainda assim, podemos usar o que temos de melhor – o pensamento, o conhecimento. Mostrar e expor os trabalhos feitos na UFMT com a colaboração de vários pesquisadores na maior feira da área de química analítica da América Latina é o principal resultado dessas parcerias essenciais”, finaliza Terezo.
FONTE: GERENCIAL/FUNDAÇÃO UNISELVA 24/09/2019
https://web.fundacaouniselva.org.br