O mercado de bebidas lácteas pode ganhar um novo produto. É o que promete um estudo científico realizado por pesquisadores multidisciplinares da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, e o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, no Campus Pau dos Ferros. Trata-se do iogurte em pó, uma novidade no mercado e que pode revolucionar o modo de consumo das pessoas.
“É um produto de alta durabilidade com prazo de validade estendido. O iogurte em pó gera economia de energia porque não precisa de refrigeração no armazenamento e no transporte”, explica o coordenador da pesquisa, o professor Emanuel Neto Alves de Oliveira, diretor do Campus Pau dos Ferros do IFRN.
Conforme o professor, graduado em Tecnologia de Alimentos, com pós-doutorado em Engenharia Química e mestrado e doutorado em Engenharia Agrícola, o iogurte em pó “é prático, pois, ao comprá-lo no supermercado, o consumidor pode levar para casa e consumir quando quiser, sem necessidade de refrigeração”. “E só vai prepará-lo quando for consumi-lo, diluindo o produto com uma quantidade específica de água já recomendada na embalagem e vai seguir as instruções”, conta.
A descoberta veio por meio do doutorado em Engenharia Agrícola concluído em 2016. “Nosso desafio era desenvolver um projeto inovador. Na minha tese de doutorado na UFCG, surgiu a ideia de fazer um produto inédito no mercado”, acrescenta o professor, que também é especialista em ensino de Química.
De acordo com ele, o produto possui características funcionais.”Adicionamos um agente prebiótico (materiais não vivos). Naturalmente, os iogurtes têm bactérias lácteas, que conferem a função probiótica de acordo com a quantidade de microrganismos vivos presentes, ou seja, é um produto que possui uma alta funcionalidade no organismo humano, contribuindo, principalmente, com o trânsito intestinal em pessoas que têm dificuldade na digestão de alimentos”, acrescenta.
O professor Emanuel conta que o novo produto pode contribuir para a sustentabilidade ambiental, pois gera economia de energia devido não necessitar de refrigeração. Ele também pode ser transportado por veículos leves, com fácil manutenção.
O iogurte em pó encontra-se em fase de obtenção de certificação de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “Após a certificação, ficamos autorizados a comercializar a fórmula e a vender o produto. E aguardar empresas nacionais interessadas na ideia.”
Atualmente, o pesquisador cearense trabalha com projetos voltados à utilização de matérias-primas vegetais do sertão nordestino, como frutas típicas e cactáceas (palma forrageira, por exemplo), no desenvolvimento de novos produtos alimentícios.
“A Química está presente em tudo. Ela é fundamental para a área de alimentos, principalmente para o estudo da composição e para a conservação dos alimentos. Existem várias técnicas e processos que podem ser utilizados para melhorar o prazo de validade dos alimentos. Na minha opinião, o que falta muito ainda no Brasil são incentivos governamentais e privados junto às universidades e institutos federais em pesquisas na área. Sabemos que a área alimentícia tem grande fatia em nosso PIB [Produto Interno Bruto]”.
FONTE: CFQ Publicado em 02/02/21