Mestre e doutora pelo Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da Universidade de São Paulo (USP), Daniela Truzzi foi premiada na 15ª edição do Programa Para Mulheres na Ciência. Realizado pela L´Oréal, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências, o prêmio promove e reconhece a participação da mulher na Ciência, favorecendo o equilíbrio dos gêneros no cenário brasileiro.
Daniela Truzzi é uma das sete ganhadoras da 15ª edição do Programa Para Mulheres na Ciência
Todo ano, na edição local, sete jovens pesquisadoras das áreas de Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Matemática são contempladas com uma bolsa-auxílio de R$ 50 mil cada para dar prosseguimento aos estudos.
Como parte do programa, Daniela receberá financiamento para estudar as propriedades do Óxido Nítrico (NO), gás produzido naturalmente pelo corpo humano que promove a vasodilatação e ajuda a aumentar o fluxo sanguíneo. Segundo a pesquisadora, o comportamento do composto nas células é pouco conhecido e, em altas concentrações, as moléculas de NO podem gerar efeitos tóxicos.
Para ela, receber a premiação é o ponto alto de 12 anos de dedicação à pesquisa. “O maior sentimento é de reconhecimento. Nós ficamos durante muito tempo dentro do laboratório. O prêmio mostra o que fazemos para estas pessoas que estão mais distantes no dia a dia. Também tem o sentimento de honra, pois havia muitas mulheres concorrendo, todas com trabalhos de alta qualidade. É incrível fazer parte deste grupo tão seleto”.
O interesse pela Ciência começou ainda criança, levada pela curiosidade e maior afinidade com as Ciências exatas e biológicas. “Percebi que a Química poderia me explicar mais a fundo como as coisas funcionam”. Ela fez curso técnico, que lhe rendeu a primeira oportunidade de trabalho. Mas as atividades repetitivas levaram Daniela a concluir que gostava de criar e descobrir. Cursou, então, a graduação em Química Ambiental na Universidade Estadual Paulista (UNESP), onde buscou a iniciação científica já no primeiro ano.
Depois, ela partiu para o mestrado em Química Inorgânica e Analítica no IQSC da USP, onde começou a desenvolver compostos que poderiam ser utilizados como medicamentos, os doadores de óxido nítrico, linha que continuou a seguir no doutorado. Realizou ainda dois pós-doutorados: um no IQ/USP na área de Bioquímica e outro na Universidade da Califórnia, nos EUA, na área de Bioinorgânica.
Daniela acredita que o prêmio, assim como outros tipos de incentivos para as mulheres na Ciência, ajuda a deixar claro para a sociedade, principalmente para as crianças, que a Ciência também é um campo vasto de oportunidades.
“Na minha infância, sempre tive exemplos de cientistas. Mas eles eram todos homens. E os ícones que temos nesta fase influenciam muito as nossas escolhas. Este tipo de prêmio é muito importante para mostrar para as meninas que existem mulheres cientistas que são inspiradoras. A partir disso, elas poderão considerar ser cientistas também”.
FONTE: CFQ Conteúdo publicado em 24/09/2020